Aceitação versus Insatisfação

22/07/2014 16:53

            Passamos muito tempo de nossa vida em busca de algo. Muitas vezes nem sabemos ao certo o que. Outras vezes até fazemos ideia do que possa ser, porém quando conquistamos esse algo que almejávamos, nem sempre isso é suficiente para nos preencher e trazer um estado de satisfação que perdurará. Passado um tempo a inquietação ou mesmo a insatisfação volta a se fazer presente, e assim, ficamos num círculo vicioso de buscar algo que nos preencha, nem que seja por um curto período de tempo. E esse tempo passa e apenas o suposto objeto de desejo é que vai mudando de roupagem, mas o sentimento de que falta algo ainda se mantém.

            Esse ‘looping’ entre conquistas e insatisfações parece até normal, afinal tanta gente sente isso, tantas pessoas passam a vida correndo atrás de algo, sabendo ou não o que tanto procuram, que isso parece até ser o sentido da vida. É por esse motivo que o ‘ter’ ficou e está tão em alta na sociedade em que vivemos. No entanto, essa motivação por conquistas muitas vezes fictícias e insaciáveis, também é a grande causadora de tanta angústia, depressão, dor e sofrimento.

            Muitos de nós temos como foco e objetivo na vida atingir uma imagem que se acredita ser a ideal, criada a partir de alguma fantasia ou mesmo aquela imposta pela sociedade. Com isso, nos distanciamos cada vez mais do que já temos desenvolvido em nós. Quando buscamos nos encaixar num padrão pré-estabelecido, nem sempre conseguimos perceber se esse modelo nos satisfaz ou o quanto temos nos machucado para sustentar esse padrão. E quando falo em machucar quero dizer o quanto você tem gasto do seu tempo, da sua paz e da sua autoestima. Se tem valido a pena todo seu empenho e esforço. Se no final das contas você consegue ver se realmente está feliz e satisfeito.

            O que falta para muitos de nós é aceitação. Aceitar quem você é, do jeito que você é. Mas aceitação é uma palavrinha que quando mal compreendida pode ser distorcida e vista como acomodação. E o sentido é bem diferente. Na acomodação existe passividade, simplesmente não se fazendo nada, mas por dentro querendo que as coisas mudem, inclusive para muitas pessoas cria-se um estado de barganha esperando que Deus ou a vida lhes dê o que falta. A aceitação já é um estado interno ativo, é conseguir olhar para as coisas e pessoas compreendendo a realidade e fazendo o seu melhor para mudar e melhorar naquilo que lhe cabe. É ter o entendimento de que tudo tem seu tempo e que cada um tem sua responsabilidade diante da vida.

            Quando menciono a aceitação me refiro a você olhar com sinceridade para todos os seus atributos, internos e externos, suas qualidades e seus defeitos, sua beleza externa e aquilo que não lhe agrada tanto assim fisicamente e poder perceber que você é um ser único e que não existe ninguém igual a você. E é justamente aí que você encontrará a satisfação que tanto busca. Nunca ficaremos saciados e satisfeitos quando tentamos ser iguais às outras pessoas. Nunca estaremos em paz conosco enquanto tivermos um modelo idealizado a ser seguido, pois esse estado de bem estar, harmonia e satisfação somente serão reais e verdadeiros quando você conseguir encontrar a beleza e a grandeza que existe em você. Quando você conseguir enxergar o quão bom e belo é ser único, o quanto isso deixa a vida leve e prazerosa é que poderá encontrar uma felicidade mais presente e não mais tão transitória e inconstante.

            Quando conseguimos sentir e aceitar esse estado único de ser quem somos, a motivação para a vida torna-se mais clara e o desejo de irmos mais fundo na lapidação dessa pedra preciosa que somos, torna-se crescente e revigorante.

            Que cada um de nós encontre a alegria e o prazer de ser único! Que a descoberta dessa equanimidade desperte em cada um de nós o desejo de colocarmos a serviço da vida nossos potenciais, talentos e virtudes!

Valéria Barbosa Marques