O aprisionamento ao passado através da culpa

08/06/2013 15:40

            Quando falamos de culpa na maioria das vezes nos remetemos a acontecimentos já ocorridos, sejam eles por algo cometido – fiz algo que me arrependi – ou até mesmo por uma omissão – deixei de fazer o que poderia ter feito. Em geral, a culpa em si está ligada ao passado, afinal raramente me culpo por algo que ainda não ocorreu.

            São diversas as formas como a culpa se apresenta; algumas vezes vemos pessoas que mencionam este sentimento em várias situações da vida como forma de autocondenação ou autocomiseração; outras tentam esconder-se quase que constantemente da culpa justificando-se ou até mesmo culpando outros; e há situações em que a pessoa se permite ser explorada, que tirem dela vantagem, esses casos são chamados de falsa culpa, pois são apenas tentativas de amenizar a dor que sentem e não formas de repará-las.

            Quando menciono a questão do aprisionamento que a culpa gera, refiro-me ao quanto a pessoa não se permite muitas vezes ser quem ela realmente é, pois devido ao sentimento que carrega não se sente merecedora, ou melhor, não se permite perdoar-se, o que a faz sempre remeter a esse ‘passado’ como forma de punir-se e não receber o que é seu de direito, prejudicando inclusive sua integridade.

            Colocar uma pedra em cima de algo que você queira esquecer, não é a melhor solução, pois quando tentamos esconder algo ficamos diminuídos, afinal não estamos andando na vida por inteiro. Então a melhor maneira de reagirmos diante de uma dor – no caso refiro-me mais diretamente à culpa – é procurando primeiramente identificar onde foi que causei esta dor, aí entra a autoresponsabilidade e a sinceridade consigo mesmo. Quando identifico e reconheço já é um grande passo. No entanto, no meio deste trajeto poderão aparecer várias vozes internas com o intuito de fazê-lo achar que tudo isso é bobagem ou que os danos causados não poderão nunca ser reparados. A essas vozes damos o nome de resistência à mudança.

            Levando em consideração que você tenha conseguido ultrapassar essa primeira barreira, o próximo passo diz respeito a transformar em atos sua reparação, ou seja, caso tenha a disponibilidade, uma conversa franca fará muito bem à sua alma, porém caso não tenha essa possibilidade ou disponibilidade interna, a iniciativa de dar o melhor a si mesmo e aos outros, sem esperar receber algo em troca, concretizará a restauração, pois você estará se permitindo dar uma resposta diferente daquela que até então você conhecia.

            Isso possibilitará a você um sentimento de integridade, respeito próprio e independência e o fará perceber que pode tirar o melhor das dificuldades, como uma lição, aproveitando sempre o que a vida tem a oferecer.

            É claro que não é assim tão fácil transformar essas marcas do passado, mas é importante saber que é possível, basta ter o desejo sincero e dar uma nova proposta a você mesmo. Tudo na vida vem para contribuir para o nosso crescimento.

 

Valéria Barbosa Marques