Um pouco sobre relacionamentos...

06/08/2013 17:55

            Se a vida é uma escola, o relacionamento é a sua universidade. É por meio dos relacionamentos, principalmente do relacionamento com o parceiro, que mais se pode aprender e crescer. Nascemos mulher e homem, e um anseia pelo outro, pois precisamos um do outro; precisamos unir-nos ao “outro” física, emocional e espiritualmente. Este anseio está incorporado ao código genético, e a busca do parceiro da vida ocupa uma posição central na vida humana.

            Mas quantas vezes se vê um casal cujo relacionamento, depois de anos de convívio, continua cheio de vida? Quando se pode sentir harmonia e deleite? Quando a comunicação é ao mesmo tempo profunda e solta? Quando se percebe que cada um aceitou totalmente o outro, rendendo-se à força divina do amor? Quando as diferenças são encaradas como desafios para entender o outro mais profundamente, na certeza de que todos os problemas podem ser solucionados? Quase nunca.

            Com base nas estatísticas, poder-se-ia concluir que, para muitos, a vida em comum é uma carga insuportável, e não o estado harmonioso que as pessoas esperam viver ao se casarem. E mesmo quando duas pessoas ficam juntas e continuam a se amar, há momentos em que se sentem frustradas, brigam ou se distanciam. Será possível superar essas dificuldades, cicatrizar as feridas?

            [...] A história dos relacionamentos de qualquer pessoa revela o seu panorama interior. A partir dessa história, podemos deduzir quais são as opiniões dela sobre a vida, o sexo oposto, o amor e a sexualidade em geral, o casamento e assim por diante. Se você aprender a olhar para si mesmo com honestidade e um certo distanciamento, conservando porém um vivo interesse, ficará surpreso com o que descobrir: você é o co-criador do estado atual do seu relacionamento – ou de sua ausência. As coisas não acontecem de fora para dentro. Você não é uma vítima.

            As pessoas gostam de acreditar que todo problema de relacionamento é provocado por circunstâncias externas ou pelo parceiro. Se o outro mudasse, como a vida seria perfeita! Esta, porém, é a maior de todas as falácias. Mesmo supondo que você seja um anjo e seu marido, mulher ou companheiro seja um demônio, não é você o responsável pela escolha do parceiro e pela decisão de continuar ao lado dele? Mas não estamos supondo que você seja um anjo. Nós – você e eu – sabemos que há realmente uma luz angelical no nosso íntimo, que podemos chamar de eu superior: um núcleo amoroso, solícito, altruísta e criativo. Mas também sabemos que existe uma camada menos atraente em volta desse núcleo divino: o eu inferior, egoísta, vingativo e desconfiado, responsável pelas muitas dores que sofremos ou que causamos aos outros, principalmente aos que nos são mais próximos. Sem conhecer esta camada, sem descobrir de que modo começou a existir, sem assumi-la, não poderemos transformá-la. Por maior que seja nosso empenho em fingir que essa camada feia não existe, por mais que tentemos ocultá-la, repudiá-la ou afastá-la por meio da meditação, ela não se dissolverá enquanto não a encararmos diretamente e começarmos a transformá-la conscientemente.

 

(trecho extraído do Livro “Criando União”- Eva Pierrakos e Judith Saly)